Mar e Luz
por César Romero
Lançado durante uma live no instagram @caiquecostaphoto em Salvador, o fotolivro Mar de Memórias do artista visual baiano Caíque Costa, tem 38 páginas, com textos e fotos do autor, impresso em papel offset 150 g e capa flexível em papel offset 180 g. O livro foi impresso em Curitiba, pela editora Artisan Raw Books.
Por motivo de pandemia em que estamos imersos, o livro foi lançado em live, quando o artista interagiu com o público, falando de detalhes do projeto e discutindo fotografia contemporânea. Caíque Costa é artista visual, graduado pelo Bacharelado Interdisciplinar da UFBA.
Fotografa desde 2015. Apresentou exposição E Todo Caminho Deu no Mar, em 2018, no Palacete das Artes, na Graça. A live contou com a participação de Edgard Oliva, artista visual, doutor na área de concentração teórica e experimentações da arte pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Oliva é professor de fotografia na Escola de Belas Artes da UFBA, curador e já expôs suas obras em diversos Estados brasileiros e em outros países.
Fotografia é desenhar com luzes e Caíque cumpre seu papel com grande eficiência, através da estética que remete à pintura impressionista. Há em seus trabalhos um excesso de desfoque, imagens borradas da memória.
A memória é a capacidade de armazenar informações. E recuperadas quando buscamos recordá-las. A finalidade é conservar a informação. O fotolivro possui 23 imagens e uma poesia que versam sobre o mar. "Há um farol, que nos orienta pela vida".
Todo projeto do livro aborda o mar, suas cores próprias e sonhadas, todas as oscilações e paragens. A maioria das fotos é abstrata, fruto de uma pesquisa mais sensorial, livre das amarras técnicas dos dispositivos. Por vezes parecem varridas pelos ventos, noutras por um grafismo rítmico, quando remontam as memórias da infância, quando o mar era uma companhia constante.
O artista consegue efeitos de rara beleza e inventividade. São imagens causadas por desvios de luz, que incidem sobre outras causando efeitos óticos imprecisos, resultando achados inusitados. Mesmo com pouco tempo como fotógrafo, Caíque Costa se mostra amadurecido para o ofício. Dotado de grande poder intuitivo, ele enfrenta a imagem sabendo o que vai buscar.
O mar é um tema batido, extremamente explorado, mas o artista acrescenta um pouco do seu "eu" no assunto, provocando novas sensações visuais, para que haja uma troca de sentidos entre as produções e o observador. Cada imagem tem várias possibilidades de interpretação, vai do envolvimento do espectador com as representações e suas memorações.
* César Romero é artista plástico, crítico de arte e colunista do jornal Correio. Matéria publicada em 23 de novembro de 2020, no Caderno Vida, versão impressa.